JOANA FOJO FERREIRA
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Sobre a autonomia

18/12/2011

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__ Recentemente li o livro A traição do Eu: O medo da autonomia no homem e na mulher de Arno Gruen, e apercebi-me como de facto tendemos a gerir as nossas vidas de acordo com uma ideia de autonomia incongruente com o que ela realmente implica.

Segundo o autor, “a autonomia é o estado de integração em que uma pessoa se encontra em plena concordância com os seus sentimentos e as suas necessidades. (…) Da autonomia faz parte a capacidade de ter um Eu alicerçado no acesso a sentimentos e necessidades genuínos.” (págs. 17 e 18).
Paradoxalmente, geralmente associamos a pessoa autónoma à pessoa independente, controlada, bem adaptada socialmente, por muito que esta pessoa possa não reconhecer qualquer sentimento de tristeza, zanga, medo, ou qualquer necessidade de proximidade, de conforto.

Ao colocarmos este peso na ideia de autonomia, colocamo-nos necessariamente em conflito entre um Eu ideal (supostamente autónomo porque independente e controlado), favorecido pela sociedade ocidental actual, e o Eu real (genuinamente autónomo, mas não reconhecido socialmente como tal), que por vezes tem dores, que tem fragilidades, que precisa de proximidade e de conforto. Estranhamente, este é o Eu socialmente rotulado como fraco e dependente.
Assim, quando puxamos o suposto lado da autonomia (portanto o independente e controlado), reprimimos a possibilidade de satisfação no contacto com a nossa realidade interna e a possibilidade de conforto na interdependência (no equilíbrio entre a proximidade e o isolamento). Criamos a fantasia que ou somos “autónomos” e fortes ou somos dependentes e fracos, sem percebermos que proximidade e autonomia não são incompatíveis, eu não preciso de me isolar para ser autónomo e posso retirar conforto na proximidade sem me tornar dependente.

É muito importante percebermos que a nossa saúde mental não passa por nos adaptarmos às expectativas dos outros negligenciando-nos a nós próprios; a nossa saúde mental passa por encontrarmos, mantendo-nos próximos aos outros, um espaço para reconhecermos e cuidarmos das nossas emoções e necessidades.

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Perda ou transformação?

11/12/2011

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_ Na minha prática clínica tenho-me deparado com uma grande dificuldade dos meus pacientes em expressarem desacordo, mágoa, ressentimento, ou agirem de formas contrárias àquilo que sentem que são as expectativas ou desejos de outros significativos.
Ao explorar o que é que receiam que aconteça se se expressarem de forma congruente com o que estão a sentir, surge frequentemente o medo de perder o outro, que o outro não suporte a crítica ou o desacordo e que haja uma ruptura na relação.
Um trabalho útil com estes pacientes é treinar a assertividade, explorando formas de nos afirmarmos perante estes outros significativos de uma forma cuidadosa que melindre o outro o menos possível; mas a realidade é que estes pacientes não deixam de ter algum fundamento no seu receio, frequentemente os primeiros movimentos de auto-afirmação são de facto mal recebidos do outro lado.

A reflexão que vos venho propor é até que ponto é que esta reacção menos positiva do outro implica necessariamente perda ou, pelo contrário, potencia transformação da relação.
Não sejamos utópicos, se introduzo uma dinâmica nova na relação (por exemplo expressar mágoa por a minha opinião não ter sido levada em conta numa decisão com implicações para os dois), não posso esperar que o outro mantenha a mesma postura, ele terá que digerir a novidade e precisaremos os dois de um período de ajustamento à nova dinâmica, ou de um período de negociação de uma terceira dinâmica, construída em conjunto, que responda de forma mais equilibrada às necessidades de ambos. Ou seja, preciso dar espaço ao outro para que ele me devolva o ponto de vista dele sobre a situação que desencadeou o problema, como é que ele lida com esta mudança no sistema que eu estou a propor, e que condições é que ele precisaria ter satisfeitas para conseguir de forma mais tranquila responder à minha necessidade (por exemplo, o outro poderia devolver que não se tinha apercebido que eu tinha uma opinião diferente, mas que de facto era importante para ele que eu estivesse confortável com a decisão e precisaria por isso que eu passasse a expressar as minhas opiniões com mais clareza para ele perceber que há ali uma opinião contrária que precisa ser levada em conta).

E pensarão: “mas comigo isto não funciona assim, o outro não vai reagir tão bem”. Talvez tenham razão, é provável que a primeira reacção seja de defesa e de desagrado pelo comentário, mas lá está o tal período de ajustamento e de negociação, em que o treino de assertividade referido inicialmente tem um papel importante no mantermo-nos afirmativos das nossas necessidades e direitos por um lado, e ao mesmo tempo abertos a perceber o ponto de vista do outro, que elementos é que estão a dificultar a compreensão da mensagem de ambos os lados, e como é que podemos atingir um equilíbrio entre aquilo de que cada um não abre mão e no que estamos disponíveis para ceder.

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Os nossos direitos

10/12/2011

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_ Quando penso em direitos humanos lembro-me imediatamente da dificuldade que muitas vezes temos em contemplar os nossos próprios direitos.
Quantas vezes ao longo do nosso desenvolvimento nos fomos perdendo de nós próprios, descurando as nossas necessidades, muitas vezes perdendo mesmo o contacto com elas, e habituámo-nos a viver em função de “deveres” que nos foram incutidos e de expectativas que sentimos que os outros nos colocam.

Todos temos necessidades psicológicas fundamentais que precisam ser cuidadas:
O direito ao afecto
O direito à afirmação da nossa identidade
O direito à diferença
O direito ao respeito pelas nossas diferenças e pelas nossas fragilidades
O direito a viver as nossas emoções: direito à tristeza, à alegria, à zanga, ao medo, à vergonha
O direito a procurar proximidade/intimidade
O direito a movimentos de autonomia
O direito de procurar prazer
O direito de dizer “não”
O direito de nos protegermos e de nos defendermos de ataques, de abusos, de solicitações exageradas
O direito a termos as nossas merdas
O direito a expressarmo-nos de acordo com os nossos interesses e as nossas necessidades

Neste dia mundial dos direitos humanos, aproveitemos para nos questionar quanto é que temos olhado para as nossas necessidades psicológicas mais fundamentais e quanto é que as temos visto e respeitado como direitos que são.
Consciencializarmo-nos dos nossos direitos e respeitá-los é fundamental. Só na medida em que defendemos os nossos direitos, nos conseguimos disponibilizar para tranquila e genuinamente respeitar os direitos dos outros.

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A tristeza e a depressão

1/12/2011

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Só se deprime quem não se deixa entristecer
António Branco Vasco

_ Esta é sem dúvida uma das frases marcantes do meu percurso académico e a minha experiência clínica tem confirmado todos os dias quão verdadeira ela é.
Talvez soe estranho, estamos habituados a associar a depressão à tristeza e a temer que se nos permitirmos entristecer podemos acabar a deprimir. Por lógico que possa parecer o raciocínio, é na realidade falso.

A tristeza é uma emoção com funções adaptativas muito importantes: por um lado mostrarmos aos outros que precisamos de conforto e auxílio no sentido de reduzir o nosso sofrimento psicológico, por outro recolhermo-nos em nós próprios no sentido de ultrapassar as nossas perdas significativas. Ambos estes movimentos (um para o exterior, outro para o interior) são fundamentais para recuperarmos o equilíbrio e voltarmos a investir nas nossas vidas.
A depressão é como uma panela de pressão, cheia de tristeza a ferver e sem que aliviemos o pipo para deixar alguma sair. Ao não nos permitirmos entristecer, não libertamos alguma desta energia dolorosa mas real, e ficamos inundados por ela; no esforço de não a deixarmos sair, bloqueamos todas as saídas, que são também as entradas, e a vida deixa de fluir.


Em terapia o que procuramos habitualmente fazer face a quadros de depressão, é reconhecer as frequentes tristezas acumuladas, dar-lhes permissão para se expressarem num ambiente seguro, dar-lhes colo, validação, e perceber o seu significado (de onde é que vêm e o que é que sinalizam). De alguma forma tentamos ajudar a reestabelecer o conforto com a tristeza, a vê-la mais como um aliado e menos como um inimigo.

E na medida em que se for permitindo entristecer, acredite, vai estar a proteger-se da depressão.
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    Autora

    Joana Fojo Ferreira
    Psicóloga Clínica

    Psicóloga Joana Fojo Ferreira
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