_ Resiliência, em termos psicológicos, é a capacidade de lidar com problemas, com desafios, com as dificuldades que se nos vão deparando ao longo da vida.
Durante muito tempo associou-se resiliência à capacidade de vivenciar emoções agradáveis e reconhecer o que se pode tirar de bom das situações; não deixando de ser verdade, estudos mais recentes sugerem no entanto que uma componente central da resiliência é a flexibilidade emocional, que é a capacidade de adaptarmos as nossas respostas emocionais às mudanças no meio envolvente. Ou seja, além de ser importante ser capaz de experienciar emoções agradáveis face a situações agradáveis, é igualmente importante ser capaz de experienciar emoções desagradáveis face a situações desagradáveis. Não é suposto negarmos os aspectos difíceis das nossas vidas, é importante é também não permitirmos que eles nos impeçam de vivenciar os bons momentos que também surgem pelo caminho. Rigidificarmo-nos num estilo de resposta de só viver o negativo ou só viver o positivo deixa-nos mais vulneráveis. O fundamental é sermos coerentes com o que estamos a viver e adaptarmos as nossas reacções emocionais às circunstâncias com que nos deparamos.
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_ Já experimentou o sentimento de culpa? Recorda-se do peso que sentiu? De ficar como que paralisado, como se nada o pudesse tirar dali, desse sítio escuro e pesado? É de facto o efeito que a culpa tem em nós, ela paralisa, bloqueia, impede o avanço, dificulta a reparação.
Sim, porque muitas vezes fizemos de facto coisas erradas, magoámos pessoas, fomos rudes ou negligentes, procrastinámos, não cumprimos os nossos objectivos por desleixo ou falta de organização, ou falta de motivação; e sim, de facto fomos nós os agentes, éramos nós que estávamos lá, a bola estava nas nossas mãos. Mas a questão é: somos culpados ou somos responsáveis? E poderá até parecer-vos redundante, poderão dizer-me “dá tudo no mesmo”. Mas sugiro que experimentem. De cada vez que derem por vocês a dizer “eu sou culpado” ou “a culpa é minha”, experimentem logo de seguida mudar para “eu sou responsável”, “a responsabilidade é minha”, e fiquem um bocadinho a olhar para vocês mesmos, não com os olhos de fora mas com os olhos de dentro, e apercebam-se se alguma coisa muda na forma como o vosso corpo reage, como o vosso corpo sente estas frases. O peso é o mesmo, ou há algo de diferente, talvez mais leve? Continuam a sentir aquela paralisia ou parece que a informação flui melhor, que é mais fácil sair daquele sítio escuro e doloroso onde caímos quando nos desiludimos connosco mesmos? A diferença entre a culpa e a responsabilidade é que a culpa paralisa enquanto a responsabilidade mobiliza. O culpado fica estagnado no erro, a remoê-lo, a martirizar-se, sem conseguir sair dali. O responsável olha para o erro, tenta compreendê-lo, e percebe ainda que se foi responsável por ele, também é responsável pelo reparo, ou pela mudança. O culpado desespera quando vê como a sua casa está desarrumada e fica a maltratar-se por ter deixado chegar a este ponto, o responsável entristece-se com a desarrumação a que se permitiu chegar, mas agarra em si próprio e começa peça a peça a arrumar. Quando der por si a fazer coisas recorrentes de que não gosta, de que se ressente, obrigue-se a fazer esta mudança, transforme a culpa em responsabilidade, dê-se espaço e estímulo para reparar o erro, para mudar. E não se apresse demais, as mudanças e as reparações levam o seu tempo. |
Autora
Joana Fojo Ferreira Acompanhe as atualizações nas redes sociais
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