JOANA FOJO FERREIRA
  • Home
  • Psicóloga
  • Psicoterapia
    • Psicoterapia Individual
    • Psicoterapia de Casal
  • Supervisão/Formação de Psicólogos
    • Supervisão
    • Formação
  • Blog
  • Podcasts
    • Pausa Psi
    • Hipotenusa da Psicologia
  • Dança Gestalt

Entre a liberdade e o compromisso

7/3/2016

1 Comment

 
Há uns tempos mais do que um paciente meu recomendou-me o livro “Amor e desejo na relação conjugal” da Esther Perel, que pude comprovar que é um livro que vale muito a pena ler.
Entre vários aspetos importantes abordados, quero hoje salientar duas ideias, interligadas, que a autora apresenta, e cujo reconhecimento é extremamente importante num casal. São elas:
  1. A dualidade que sentimos e transportamos para a relação entre a necessidade de comunhão e de independência e a influência que a gestão desta dualidade tem na manutenção do desejo ao longo de uma relação, e
  2. A influência das nossas relações de infância na gestão que fazemos desta dualidade.
 
A Esther explica que “aquilo que faz com que seja tão difícil conservar o desejo [numa relação conjugal] ao longo do tempo é o facto de isso exigir a reconciliação de duas forças opostas: liberdade e compromisso”. A liberdade por vezes assusta e traz o medo do abandono, o compromisso por vezes sufoca e traz o medo da auto-aniquilação.

Frequentemente os problemas conjugais surgem associados a uma discrepância entre as necessidades de cada parceiro, um a sentir necessidade de mais compromisso, o outro de mais liberdade.
 
O que é que contribui para a dificuldade em gerir esta dualidade nas relações?
É aqui que entram frequentemente as marcas das nossas relações de infância, o tipo de vinculação que estabelecemos com os nossos cuidadores. Diz a Esther: “O grau em que as nossas relações de infância nutrem ou obstruem as duas necessidades antagónicas [necessidade de comunhão e de independência] irá determinar as vulnerabilidades que trazemos para as relações adultas: aquilo que mais queremos e aquilo que mais receamos.”
“A capacidade de nos afastarmos dos nossos entes amados ao mesmo tempo que confiamos na sua constância assenta na segurança dos laços de infância. Quanto mais confiamos, mais longe nos conseguimos aventurar”.
Já quando as vinculações que estabelecemos foram inseguras, sem equilíbrio entre a satisfação das necessidades de proximidade e de autonomia, tendemos a desenvolver ou uma necessidade imensa de liberdade e uma sensação de sufoco quando numa relação de compromisso (fruto tendencialmente de relações com cuidadores muito asfixiantes), ou uma necessidade imensa de compromisso e intimidade e uma sensação de abandono perante os movimentos de independência do outro (fruto tendencialmente de cuidadores mais ausentes e abandónicos).
 
Como é que se gere esta dualidade entre necessidade de comunhão e de independência numa relação?
A autora diz-nos: “É no reconhecimento e na gestão da dualidade que reside a sobrevivência do desejo”.
“A intimidade erótica é um ato de generosidade e de egocentrismo, de dar e de receber. Temos de conseguir entrar no corpo ou no espaço erótico do outro, sem o terror de sermos engolidos e nos perdermos. Ao mesmo tempo, temos de conseguir entrar dentro de nós, rendermo-nos à absorção em nós mesmos na presença do outro, acreditando que o outro ainda lá estará quando regressarmos, que não se irá sentir rejeitado pela nossa ausência temporária. Temos de conseguir ligar-nos ao outro sem o terror da aniquilação, e temos de conseguir vivenciar a distância sem o terror do abandono.”
“Harmonizar a vida doméstica com a vida erótica é um ato de equilíbrio delicado que, na melhor das hipóteses, só conseguimos realizar de forma intermitente. Exige que se conheça o outro, ao mesmo tempo que se reconhece o seu mistério persistente; que se crie segurança, ao mesmo tempo que se permanece aberto ao desconhecido; que se cultive uma intimidade que respeite a privacidade. Distância e comunhão alternam, ou sucedem-se em contraponto. O desejo resiste ao confinamento, e o compromisso não tem de engolir toda a liberdade.”

A autora sugere um exercício que ajuda a perceber esta gestão:
“– Quero que inspire profundamente e que retenha o ar nos pulmões o máximo que conseguir – peço. O oxigénio fresco rapidamente dá lugar ao dióxido de carbono, forçando-o a expirar. A princípio, a sensação de expirar é maravilhosa, mas passados alguns momentos anseia por novo oxigénio. – Não pode escolher entre inspirar ou expirar – explico –, tem de fazer ambas as coisas. O mesmo acontece com a intimidade e a paixão. – Explico que a tensão entre segurança e aventura é um paradoxo a gerir, não um problema a resolver. É um quebra-cabeças.
– Consegue ter consciência de cada um dos polos? Precisa de cada um deles em alturas diferentes, mas não pode ter ambos ao mesmo tempo. Consegue aceitar essa realidade? A questão não se resume a “ou isto, ou aquilo”; é antes uma situação em que se obtém os benefícios de cada um sem deixar de reconhecer as limitações dos dois. É um fluxo e refluxo.”
 
Como diz Anaïs Nin, citado pela autora deste livro: “O amor nunca morre de morte natural. Morre por não sabermos reabastecer a sua fonte.”
1 Comment

    Autora

    Joana Fojo Ferreira
    Psicóloga Clínica

    Psicóloga Joana Fojo Ferreira
    Acompanhe as atualizações nas redes sociais

    Ou receba cada novo post no seu e-mail introduzindo o seu endereço de e-mail abaixo

    Enter your email address:

    Delivered by FeedBurner


    Arquivo

    Clique em arquivo para aceder à lista de textos publicados.

    Categorias

    Tudo
    Ansiedade
    Depressao
    Desenvolvimento Pessoal E Relacional
    Dicionário De Conceitos
    Dificuldades De Adaptacao A Mudancas E Novas Situacoes De Vida
    Dificuldades Na Tomada De Decisoes
    Dificuldades Relacionais
    Mindfulness
    Problemas Conjugais
    Problemas Emocionais
    Problemas Familiares
    Processo Terapeutico
    Realização Profissional
    Reflexoes Para Psicologos


    Arquivos

    Setembro 2022
    Maio 2021
    Maio 2020
    Setembro 2019
    Fevereiro 2019
    Março 2018
    Setembro 2017
    Fevereiro 2017
    Outubro 2016
    Março 2016
    Setembro 2015
    Maio 2015
    Janeiro 2015
    Agosto 2014
    Abril 2014
    Fevereiro 2014
    Janeiro 2014
    Dezembro 2013
    Outubro 2013
    Setembro 2013
    Julho 2013
    Junho 2013
    Abril 2013
    Março 2013
    Fevereiro 2013
    Janeiro 2013
    Dezembro 2012
    Novembro 2012
    Outubro 2012
    Setembro 2012
    Agosto 2012
    Julho 2012
    Junho 2012
    Maio 2012
    Abril 2012
    Março 2012
    Fevereiro 2012
    Janeiro 2012
    Dezembro 2011
    Novembro 2011
    Outubro 2011

    Feed RSS

Powered by Create your own unique website with customizable templates.
  • Home
  • Psicóloga
  • Psicoterapia
    • Psicoterapia Individual
    • Psicoterapia de Casal
  • Supervisão/Formação de Psicólogos
    • Supervisão
    • Formação
  • Blog
  • Podcasts
    • Pausa Psi
    • Hipotenusa da Psicologia
  • Dança Gestalt