Grande parte dos impasses com que nos deparamos na vida têm a ver com a dificuldade em fazer escolhas. É difícil tomar a decisão de escolher um lado, percebendo que isso pode implicar perder o que o outro lado nos poderia dar.
O que muitas vezes não contemplamos é o que perdemos neste impasse, como ficamos presos num ciclo em que, se poderíamos sentir que assim pelo menos não perdemos nenhum lado, a realidade é que também não ganhamos nenhum. Porque também há riscos em “não escolher”, aqui vos deixo uma história citada no livro Deixa-me que te conte de Jorge Bucay: Era uma vez um centauro que, como todos os centauros, era metade homem, metade cavalo. Uma tarde, enquanto passeava pelo prado, sentiu fome. “Que hei-de comer?”, pensou. “Um hambúrguer ou um fardo de alfafa? Um fardo de alfafa ou um hambúrguer?” E como não conseguiu decidir-se, ficou sem comer. Caiu a noite e o centauro quis dormir. “Onde hei-de dormir?”, pensou. “No estábulo ou num hotel? Num hotel ou num estábulo?” E como não conseguiu decidir-se, não dormiu. Sem comer e sem dormir, o centauro ficou doente. “Quem hei-de chamar?”, pensou. “Um médico ou um veterinário? Um veterinário ou um médico?” Doente e sem conseguir decidir-se sobre quem chamar, o centauro morreu. As pessoas da aldeia aproximaram-se do cadáver e ficaram cheias de pena. – Temos de enterrá-lo – disseram. – Mas onde? No cemitério da aldeia ou no campo? No campo ou no cemitério da aldeia? E como não conseguiram decidir-se, chamaram a autora do livro que, como não conseguiu decidir por eles, ressuscitou o centauro. E serafim, serafim, esta história não tem fim.
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"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência." Ghandi Neste Dia da Liberdade deixo-vos esta reflexão. Sente-se livre, ou sente-se preso? E se se sente preso, como é que se está a impedir de se sentir livre? Talvez esta última questão pareça dura, certamente muitos factores exteriores a nós dificultam que nos sintamos livres, mas não deixamos de ser nós em última análise que nos mantemos aprisionados ou nos mobilizamos para nos libertarmos. Eu sou livre quando vejo desafios onde outros, presos, vêm impossibilidades. Eu sou livre quando aceito as minhas emoções, mesmo que sejam de tristeza, zanga, medo, e vejo nelas possibilidades de crescimento, enquanto outros, presos, só vêm amarras e dor. Eu sou livre quando assumo o compromisso de respeitar as minhas necessidades e a responsabilidade de mobilizar recursos para cuidar de mim, enquanto outros, presos, continuam à espera que a liberdade venha de fora e não de dentro. Eu sou livre quando reconheço que sou eu o agente activo das minhas próprias escolhas, enquanto outros, presos, nem percebem que é já uma escolha não escolher. Eu sou livre quando me responsabilizo por mudar o que não gosto em mim, enquanto outros, presos, paralisam no culpar-se pelo “mau” que são ou o “mal” que fizeram. Eu sou livre quando ajo no meu quotidiano em congruência com o que sou, onde outros, presos, agem de acordo com o que julgam que os outros desejam. Neste Dia da Liberdade, liberte-se, acredite mais em si, cuide-se melhor. [algumas das ideias foram inspiradas nos objectivos estratégicos
do Meta-modelo de Complementaridade Paradigmática (Conceição & Vasco, 2008)] _ Neste dia mundial da voz, que possamos reconhecer as nossas vozes.
Sim, porque temos várias, umas mais visíveis, outras mais escondidas, umas mais agradáveis, outras mais desagradáveis; no fundo correspondem aos nossos diferentes selfs, os nossos vários lados. Há aquela voz que se faz predominantemente presente e que por consequência tende a definir-nos aos olhos dos outros, afinal é aquela que eles estão habituados a ver. Mas temos outras mais escondidas, muitas vezes somos nós que as abafamos, que temos medo de as deixar sair, mas que frequentemente têm coisas importantes a dizer, ou perguntas que é preciso reflectir. Há vozes mais recentes, há vozes mais antigas; há vozes mais adultas e vozes mais infantis; há vozes mais complacentes e vozes mais rebeldes; há vozes mais saudáveis, há vozes menos sãs; há vozes mais barulhentas e vozes mais silenciosas. Mas são todas nossas, todas merecem atenção, todas merecem um espaço na nosso vida para se pronunciarem, para expressarem o que sentem, o que gostam, o que não gostam. E é muitas vezes neste exercício de ouvirmos estas partes de nós que por vezes tendemos a calar, que descobrimos lados verdadeiramente belos, ou nem tão belos mas importantes; e que relembramos sonhos; que reconhecemos obstáculos que ultrapassámos, ou que precisamos ultrapassar; e recursos que esquecemos, forças que deixámos de reconhecer como nossas mas que estão cá; e é ao ouvirmos estas vozes que podemos reposicionar-nos na nossa vida e redefinirmos para onde é que queremos ir. Há aquela velha ideia que não vale a pena procurar lá fora, tudo o que precisamos está dentro de nós; pois é verdadeira, procure dentro de si, oiça-se mais. |
Autora
Joana Fojo Ferreira Acompanhe as atualizações nas redes sociais
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