Neste dia internacional para a tolerância, trago-vos um lado da tolerância talvez pouco contemplado.
Tolerância é frequentemente sentida como algo dirigido ao outro, com o outro como referência. Eu acho que é importante contemplar o lado do (in)tolerante, o que significa a (in)tolerância do lado de quem a pratica. Tolerância, na sua face mais visível, implica dar espaço ao outro para ser ele próprio, aceitar o outro nas suas diferenças. No lado menos visível, tolerância implica dar-se espaço a si próprio para se ser quem é, plenamente, aceitar-se nas suas vulnerabilidades, aceitar as suas próprias diferenças. Quando não me aceito nas minhas diferenças, nas minhas vulnerabilidades, fico intimidado com as diferenças dos outros, elas salientam as minhas próprias, obrigam-me a dar-lhes atenção. E então defendo-me, deste que me afronta quando me mostra que o diferente sou eu também. Projecto nele a responsabilidade pelos meus males e luto com unhas e dentes para não deixar trespassar qualquer resquício da minha insegurança. Estrangulo a possibilidade de diálogo, sem perceber que quem sufoca é o meu próprio eu, aquele que soluça cá dentro, apertado. Quando consigo arranjar coragem para olhar para os meus lados menos risonhos e dar espaço, presença às minhas dores, às minhas fragilidades, dou-me também espaço a mim para me aceitar na diferença, respeitar-me pelo que sou, permitir-me ser de forma mais tranquila e mais autêntica. E na medida em que me tolero e respeito mais a mim, melhor tolero e respeito o outro.
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Autora
Joana Fojo Ferreira Acompanhe as atualizações nas redes sociais
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