_ Assertividade é um conceito que tem ganho relevo nos últimos anos, mas apercebo-me que nem sempre é bem interpretado.
De uma forma simples, assertividade é a capacidade social de afirmar os próprios direitos não violando, ao mesmo tempo, os direitos dos outros. Tenho contudo a sensação que uma amostra significativa de pessoas apreendeu bem a parte da afirmação dos direitos do próprio, mas como que apagou o lado que contempla o respeito pelos direitos dos outros, e portanto associa assertividade a uma postura egoísta e arrogante, chegando a comentar “sou demasiado assertivo e isso causa-me problemas”. O que é afinal a assertividade? Eu gosto de a colocar num contínuo entre os polos da passividade e da agressividade. Se delinearmos uma linha com a passividade num extremo e a agressividade no outro, o comportamento assertivo passeia-se por esta linha, por vezes aproxima-se mais de um extremo, por vezes mais do outro, mas nunca chega a atingir nenhum dos polos, nem fica indefinidamente na mesma posição. O que é que justifica a mudança de posição na linha? A situação. A assertividade envolve expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira directa, clara, honesta e apropriada ao contexto. Ou seja, num contexto tranquilo, sem grandes ameaças à minha identidade, aos meus direitos, o comportamento adequado (assertivo) aproxima-se mais do polo da passividade, numa postura receptiva, de permissão da proximidade do outro, com as defesas em baixo; num contexto hostil, em que os meus direitos são ameaçados e a minha identidade é desrespeitada, o comportamento adequado (igualmente assertivo porque de acordo com a situação) aproxima-se mais do polo da agressividade, em que as minhas defesas estão alerta e coloco limites à proximidade do outro no sentido de me proteger. Mas voltemos ao comentário “sou demasiado assertivo e isso causa-me problemas”. O que é que isto pode significar? Das duas uma, ou não estou a ser assertivo, numa postura de defender os meus direitos mas já de uma forma agressiva por não estar a contemplar os direitos do outro, ou estou perante um outro particularmente frágil, que se sente atacado sem o ser e que responde de volta atacando. Um terceiro cenário, para o qual peço especial atenção, é uma combinação dos dois, em que o outro se sente atacado não o sendo, eu me ressinto do ataque dele em resposta, e respondo eu atacando também. Neste jogo de lutas não se preocupe em perceber quem começou, assuma a coragem de lhe por um ponto final, protege-se a si e ao outro, aí então está a ser assertivo.
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Autora
Joana Fojo Ferreira Acompanhe as atualizações nas redes sociais
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