_ Go to the heart of danger for there you will find safety [Vai ao coração/âmago do perigo, lá encontrarás segurança] Provérbio Chinês _Proponho uma reflexão sobre o que são e de onde vêm as perturbações da ansiedade.
A ansiedade é matreira: dirige a nossa atenção para as nossas sensações corporais ou para estímulos externos percepcionados como perigosos, para esconder o significado implícito deste medo exagerado. A pessoa ansiosa como que foge de si própria, desenvolve estratégias de evitamento que se materializam nos sintomas de ansiedade e, neste esforço de evitar o contacto com as suas feridas psicológicas, vai reforçando mais e mais a sua percepção negativa de si. Como é que se desenvolve uma perturbação da ansiedade? Cada vez mais se reconhece que as perturbações da ansiedade têm origem em experiências de vida dolorosas: experiências traumáticas, traições por outros significativos, respostas ineficazes a acontecimentos de vida, entre outros. Estas experiências criam feridas do self, percepções negativas de si, como incapaz de lidar com os desafios da vida, e estas feridas são tão poderosas, estão tão presentes na vida das pessoas (embora de uma forma implícita, não consciente), que as tornam hipersensíveis a qualquer situação no presente que se assemelhe de alguma forma a estas memórias dolorosas, que active a ferida. No esforço de prevenir a exposição a estas feridas, desenvolvem-se estratégias de protecção desadequadas, que são os sintomas mais visíveis da ansiedade. Como é que se quebra este ciclo de sintomatologia ansiosa? Apesar destes comportamentos de protecção desadequados trazerem algum alívio imediato por impedirem o contacto com as feridas, tendem a agravar o sofrimento por reforçarem a perspectiva negativa de si, como incapaz, desadequado, vulnerável… Apesar do sofrimento imediato que acarreta entrar em contacto com as nossas feridas psicológicas e com as memórias dolorosas que lhes deram origem, é este contacto, no seio de uma relação terapêutica segura e apoiante, que permitirá atender a elementos adaptativos que não foram anteriormente processados e recuperar uma imagem de si mais positiva, capaz de mobilizar recursos para lidar de forma eficaz com os desafios da vida. Confie no provérbio chinês, é no âmago do perigo que encontrará a segurança.
6 Comments
Cláudio França
2/7/2012 07:06:50
Tens toda a razão no que escreves aqui. Eu sou marido de uma colega tua (Catarina Duarte) e já ando a batalhar com a ansiedade a tempo demais infelizmente. E acredita, aparentemente surgiu do nada, pelo menos não tenho consciência da razão, e tem-me retirado muita qualidade de vida.
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2/7/2012 12:12:59
Obrigada Cláudio pelo comentário, fico contente que a informação que aqui vou deixando vá sendo útil.
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Cláudio França
4/7/2012 03:08:34
Obrigado Joana, esse é o caminho que vou seguir (acompanhamento), o grito de ajuda já deixou de ser mudo e passou a ter voz.
Susana
9/2/2014 14:37:08
Magnífica nota sobre a ansiedade. Gostava que num próximo post (só se te inspirares e se gostares do tema) explorasses um pouco um tipo de ansiedade específica, relacionada com o meso de falar em público. Num ambiente académico, onde as exigências de apresentaçoes públicas sao imensas, é uma problemática reiterada entre os alunos de doutoramento (onde o assunto da avaliaçao do seu trabalho nao ajuda). Eu mesma sofro bastante com as apresentaçoes públicas, e tenho uns segundos "em branco" quando começo qualquer apresentaçao. Isso claramente dificulta e diminui muitas vezes a qualidade do que se pode chegar a mostrar ao público
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10/2/2014 15:55:26
Obrigada pela sugestão Susana.
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27/2/2014 04:25:25
Olá Susana
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Autora
Joana Fojo Ferreira Acompanhe as atualizações nas redes sociais
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