JOANA FOJO FERREIRA
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Gestão das emoções

11/11/2011

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_ Problemas na gestão das emoções são uma causa frequente da procura de acompanhamento psicológico. Muitas vezes procuramos ajuda porque nos sentimentos a sucumbir à tristeza, ou porque não controlamos a nossa zanga, ou porque não conseguimos sentir alegria e entusiasmo pela vida, entre outros problemas de foro emocional.

Tendencialmente dicotomizamos as emoções em dois tipos: as agradáveis (como a alegria, o entusiasmo, o amor) e as desagradáveis (como a tristeza, a zanga, o medo, a vergonha). As primeiras são, regra geral, socialmente aceites e incentivadas. As desagradáveis, pelo contrário, são geralmente temidas e vistas como algo a esconder, frequentemente até de nós próprios.
Estranho que possa parecer, as emoções, mesmo as desagradáveis, têm um papel fulcral na nossa vida que passamos a clarificar.

As emoções não são boas nem más, positivas ou negativas; podem ser umas mais agradáveis e outras mais desagradáveis, mas são todas fundamentalmente adaptativas, o que significa que nos orientam para a sobrevivência. De certa forma, o que as emoções fazem é regular a nossa atenção, monitorizando o ambiente para situações de relevância adaptativa e alertando a nossa consciência para essas situações.

Apesar de todas nos orientarem para a sobrevivência, têm funções diferentes umas das outras:
  • As emoções desagradáveis protegem-nos do perigo e orientam-nos para objectivos e para acções específicos;
  • As emoções agradáveis motivam-nos para explorar o mundo que nos rodeia de forma proactiva e restituem o equilíbrio depois de experiências emocionais desagradáveis.
Dou alguns exemplos:
  • A zanga e o medo alertam-nos para o perigo;
  • A compaixão permite-nos responder à dor dos outros;
  • A tristeza e o amor aproximam-nos das pessoas;
  • A vergonha e a culpa avisam-nos para a possibilidade de exclusão do grupo;
  • E a alegria engrandece a vida e promove a busca de felicidade.
As emoções são extremamente ricas, têm uma componente informativa/auto-reguladora, uma componente comunicacional, e uma componente motivacional e de acção.

Componente informativa/auto-reguladora
As emoções informam-nos dos nossos estados internos e motivam-nos para responder às nossas necessidades no momento.

Componente comunicacional
As emoções informam os outros de como nos sentimos e incitam a que reajam conforme as emoções que pressentem em nós.
As emoções são as estruturas que guiam as nossas vidas, especialmente nas relações com os outros.

Componente motivacional e de acção
As emoções estabelecem objectivos prioritários e organizam-nos para acções específicas.

Por exemplo:
  • O medo, ao alertar-nos para o perigo, estabelece o objectivo de escape e orienta-nos para a acção de fuga;
  • A zanga, ao sinalizar perigo à minha dignidade/ao meu crescimento, ou uma injustiça, estabelece o objectivo de ultrapassar obstáculos, corrigir a situação ou prevenir que se repita, e orienta-nos para o ataque;
  • A alegria, por sua vez, orienta-nos para nos abrirmos ao exterior e aproximarmo-nos dos outros.
As emoções determinam ainda a nossa interpretação dos acontecimentos, de certa forma precedem a razão: a emoção sinaliza o perigo, a razão dá sentido à experiência; a emoção estabelece os objectivos, a razão ajuda a atingi-los. Mas ambas estão profundamente interligadas: sem a emoção a nossa razão não sabe sobre o que actuar, sem a razão a nossa emoção fica perdida ou descontrolada, não sabe como actuar.


Quando é que as emoções podem ser problemáticas?

As emoções, ao estarem presentes nas nossas vidas desde muito cedo, antes mesmo de conseguirmos pensar/raciocinar, têm um papel muito importante na nossa aprendizagem e uma influência profunda na nossa experiência, no nosso comportamento e na forma como interagimos com os outros. Ao longo do nosso desenvolvimento, vamos sendo expostos a situações que desencadeiam determinadas emoções. O registo destas nossas experiências subjectivas, repletas de carga afectiva, constitui os nossos esquemas emocionais – a forma como nos vemos a nós próprios, ao mundo e aos outros, e as nossas tendências de acção. Por sua vez, os nossos esquemas emocionais influenciam de forma automática o significado que atribuímos às situações com que nos deparamos no presente e determinam as nossas respostas emocionais e cognitivas conscientes.

Assim, se expostos de forma prolongada e/ou repetitiva a situações que desencadeiam, por exemplo, emoções de vergonha, especialmente na infância, tendemos, mesmo em adultos, a estar, por um lado, particularmente alerta para situações em que somos humilhados ou nos sentimos desadequados, e aprendemos, por outro, que o mundo é um lugar onde as pessoas nos humilham e/ou com o qual não temos competência para lidar. De certa forma, a emoção vergonha, adequada às situações de humilhação ou descrédito vividas no passado, poderá ter deixado de estar adequada no presente, mas de tão enraizada, continua a orientar a nossa atenção e a nossa acção.
Este mesmo exemplo pode ir mais longe, se uma das estratégias que tivermos desenvolvido para lidar com a vergonha for a zanga, de tão sensíveis a sinais de humilhação e descrédito que somos, podemos facilmente activar esta última emoção (a zanga) numa situação em que antecipo (por vezes erradamente) que vou ser humilhado ou desacreditado. Sentindo-se injustiçados, os outros poderão atacar-me de volta ou evitar relacionarem-se comigo, o que pode manter ou piorar o problema inicial, mas dificilmente o melhora. Por outro lado, se este comportamento compensatório de zanga face à possibilidade de ser humilhado for frequente, eu poderei deixar de me aperceber da emoção primária que está na base desta minha reacção (a vergonha), e ao deixar de estar em contacto com a minha experiência primária, o que pode trazer um certo alívio, crio em contrapartida os tais problemas potencialmente mais complexos, e dificulto a resolução da questão de base.

 
Quais são as soluções?

A resposta é Regulação Emocional. O importante ou desejável não é anular os nossos sentimentos negativos ou deixar de ter sentimentos de todo, mas poder regulá-los, de forma a sermos nós a controlá-los a eles e não eles a controlar-nos a nós.

A regulação das emoções tem dois componentes: por um lado é importante regular a experiência emocional, por outro regular a expressão emocional. E é importante, de facto, distingui-los: experienciar uma emoção não implica necessariamente agi-la, e mesmo expressá-la não tem de ser feito de uma forma dura e inapropriada.

Regulação da experiência emocional
Na regulação da experiência emocional, é importante permitirmo-nos aceder às nossas emoções, entrarmos em contacto com elas, para as podermos simbolizar (dar-lhes um significado coerente) e integrá-las na nossa visão de nós próprios (reconhecermos que elas fazem parte de nós).

Regulação da expressão emocional
No que toca o expressar aos outros as nossas emoções, é importante gerir quando, nem sempre os outros estão disponíveis ou eu estou preparado, e gerir com quanto controlo da minha parte: se me controlo demasiado e não expresso de todo o que sinto, fico com as minhas emoções entaladas e não dou a possibilidade ao outro de vir ao encontro das minhas necessidades; se não controlo de todo a expressão das minhas emoções, dificilmente reparo nos sinais do outro de que não está no momento disponível e corro o risco de o sobrecarregar e afastá-lo.

 
Frequentemente este trabalho não é fácil sozinho, poder inicialmente experienciar e expressar as suas emoções mais dolorosas no seio de um ambiente seguro e aceitante, poderá facilitar muito este processo.

Baseado no livro Working with emotions in psychotherapy de Leslie Greenberg e Sandra Paivio

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    Autora

    Joana Fojo Ferreira
    Psicóloga Clínica

    Psicóloga Joana Fojo Ferreira
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